quarta-feira, janeiro 13

Vencendo o Desafio da Aprendizagem nas Séries Iniciais: A Experiência de Sobral/CE




Experiência de Sobral com o Inep e gestores municipais do Ceará, mostra a amplitude do Projeto Político Pedagógico*


Seus participantes falam em ‘coragem’, ‘humildade’ e ‘determinação’ para melhorar a qualidade da educação em seus municípios. ”Mas não há nenhuma mágica na bem sucedida experiência de Sobral com alfabetização e melhora dos índices educacionais no município; o que estão fazendo ali é direcionar corretamente os investimentos, estabelecer metas, avaliar resultados e, principalmente, priorizar a educação com total centralidade na criança”. Assim a diretora de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, Linda Goulart.






No ano de 2000, uma avaliação externa identificou que metade das crianças em vias de conclusão da 2a série da rede municipal de Sobral não era capaz sequer de ler palavras. “Isso não acontece apenas em Sobral (...)”. A secretária Municipal de Educação de Sobral, Izolda Coelho, apontou etapas que considera essenciais dentro do processo desenvolvido nas escolas de seu município: diagnóstico do problema, definição objetiva das prioridades, acompanhamento, monitoramento e avaliação de resultados. “Isso tudo assumindo o fortalecimento da autonomia da escola, implementando uma política educacional com foco na aprendizagem e prioridade para a alfabetização nas séries iniciais do ensino fundamental”, frisou a secretária.







Com as novas estratégias, a rede municipal de educação de Sobral multiplicou por dois, pelo menos, sua capacidade de fazer com que as crianças das séries iniciais do ensino fundamental aprendam a ler e escrever; conseguiu matricular 100% das crianças de 7 anos de idade no ensino fundamental; e as taxas de distorção idade-série e de abandono caíram da 1a à 5a série.


Dicas para o PPP:
1. Ver cada turno da escola como uma configuração específica. O ambiente de trabalho e os resultados obtidos podem variar muito em cada configuração.
2. Procurar ver o “invisível” – um plano de trabalho com pessoas precisa deixar espaço para a intuição e o sentimento.
3. Ampliar o conceito de necessidades da escola. Partir das necessidades dos sujeitos (alunos, professores, funcionários, direção, equipe pedagógica) em atividade (brincar, conviver, aprender, estudar, ensinar, cozinhar, limpar, zelar, vigiar, tomar notas, fazer reuniões, receber os pais, etc).
4. Ampliar o conceito de adequação. Agregar novos critérios além do tamanho, tais como, ventilação, iluminação, silêncio, segurança, beleza, conforto, funcionalidade.
5. Cuidado com a análise do ambiente relacional. Não psicologizar demais, não cristalizar imagens das pessoas, não gerar estigmas.



É coisa óbvia que haja carência das áreas
municipais, mas é óbvio também que, tendo de
enfrentar suas dificuldades, elas as superarão e
só as enfrentando aprenderão a marchar.
Paulo Freire


*Referência



Conclusão


Mas considerando a escola como instituição do saber, torna-se indispensável indagar quanto às causas para o não aprender. Já que o fracasso escolar estende-se da diferença a deficiência, sendo este um problema do sistema educacional que tem como agentes, a própria escola, a estrutura familiar e principalmente a sociedade.

Porém essa sociedade deseja um ser ideal, moldado por sua instituição social, a escola. Dessa forma, um padrão para o sucesso é estabelecido e não há o que se esperar daqueles indivíduos que não se enquadram, levando-se em consideração as características sócio-econômicas, culturais ou familiares por parte da escola ou as características das ações pedagógicas dos professores na visão da família.

Assim a justificativa frequentemente utilizada, de forma a retirar a responsabilidade de ambas as partes, está na utilização dos mais diversos rótulos, a partir da dificuldade de aprendizagem. Ações como está, resultam no determinismo de insucesso, sobre o meio social do indivíduo, transformando a escola em um instrumento de reprodução do status-quo.

Portanto, a fundamentação do fracasso escolar está na perspectiva de repelir do ambiente escolar os fatores não condizentes com o aluno ideal, através da disciplina homogeneizante, requerida pela sociedade.

“Deseja-se um ser perfeito e promete-se reparar o fracasso parental e social. Essa concepção, ancorada em um ideal que não se pode alcançar, marca a criança esperada pela escola de nossos dias.” (Bossa, p.23)**

Logo, a reunião desses temas tem como contribuição para as questões do ensino, a crítica contínua das ações educacionais e conscientização da influência do sistema educacional na formação do social para romper com a perpetuação do senso comum no ato de aprender.

Contudo, as contribuições essências estão em toda reflexão ou debate para reformulação do sistema escolar como um aparelho democrático e não de reprodução de um modelo ideal, não só através do acesso a educação, mas primordialmente na transmissão de conhecimentos voltados para a cidadania, com objetivos focados na construção da uma sociedade democrática.




3 comentários:

  1. Juliana, você fez um boa síntese do texto. Seria interessante que pudesse fazer comentários mais críticos e fundamentados sobre esta experiência, situando-a no contexto mais amplo do fracasso escolar que ocorre no país. De repente, poderia relacionar com o Rio de janeiro ou com Duque de Caxias. Que tal??

    Abs
    Ivan

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  2. Juliane, considero que seu portfólio ficou excelente! Parabéns! Você demonstrou evidências muito claras de seus conhecimentos e dos avanços em suas aprendizagens. Você buscou, sempre, cumprir da melhor maneira possível os propósitos e descritores. O resultado final é indiscutível!! Parabéns!! Nos vemos !!

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